sábado, 11 de agosto de 2007
POR Victor Lustin
- Oi, gostosão!
- Como vai, Cherry?
- Vih?
- Eu mesmo.
- Mas, loiro? E cadê aqueles seus cabelos cacheados? Você está até parecendo mocinho de filme americano!
- Senta Cherry, senta que lá vem a história!
Há uma semana e meia atrás:
- Alô.
- Victor?
- O próprio.
- Lembra de mim? A Néia?
- A Cabeleireira da Cherry?
- Eu mesma. Quer passar aqui em casa mais tarde?
Foi tudo muito rápido. No início eu achei que fosse um sequestro, o governo me torturando a procura de informações importantes; mas não demorei muito a perceber que se tratava de mais um caso de sadismo.
Eu, preso a uma cama, com a cabeleireira pulando em cima, me depilando com uma pinça, cortando meu cabelo com uma navalha, e dizendo que ía me transformar em um outro homem.
Realmente, um outro homem. Passei de um cara moreno e experiente; para um teen loiro daqueles filmes pornôs que a história principal envolve uma adolescente que acaba de sair do colégio.
- Cherry, você sabe pintar cabelo?
- O quê, quer voltar a ser moreno?
- Claro!
- Que nada. Tá gostosão assim...
- Sério Cherry, vou comprar a tinta e você pinta.
- Não! Vai na cabeleira!
- Tá louca? E se dessa vez ela decidir arrancar minha sombrancelha com cera quente?
- Victor, cai na real! Eu não sei nem fazer pipoca de microondas!
Vou ter que esperar o cabelo crescer e voltar a ser o que era antes. Enquanto isso, provavelmente, serei barrado nas entradas das boates.
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