sexta-feira, 26 de outubro de 2007
Porque as pessoas daqui aproveitam a condição de bordel e vão saindo assim, deixando a cama desarrumada. E porque a casa da mãe Joana deve estar mais estabilizada.
È pra você mesmo, Victor. Seu puto! Um aperto de colhões em rede internacional!
Não bastasse o surto da nossa cafetina, você também resolve me deixar sozinha aqui! Cherry – a boa alma que habita esse lar – faz macarronada, joga fora as cuecas espalhadas, limpa o chão, compra desodorante íntimo e outras coisinhas enquanto o quê? Enquanto o bonito resolve virar beato, sem deixar nenhum bilhetinho avisando?
Ah Victor, poupe-me! Que história é essa? Você, que diz que faz a famosa dança do elefantinho desde os 8 anos, foi segurar candelabro?
Sabe... eu sei que você vai voltar, claro que vai. Mas que fique claro que quando isso acontecer, vai ser tudo do meu jeito. HAHAHA agora isso é propriedade minha, e você vai ser meu empregadinho, se quiser.
E meninas que estão lendo a Srta. Cherry, amanhã será a noite da calcinha apertada. Tragam discos de pop americano, plumas coloridas, martini, chantilly e dvd’s de meninos másculos que batem em meninos másculos.
Porque agora isso será um prostíbulo de luxo, e com aquele toque feminino.
E tenho dito.
ps: Desgraçado, você disse que tinha matado todas as baratas da suíte menor! Aaaaaaaaaaaaaaaaah Victor, seu moleque!

sexta-feira, 19 de outubro de 2007
É claro que pretendo me casar, afinal, não quero isto pra mim a vida inteira. Querer eu quero, mas não posso.
Eu sei que isso não condiz com minha personalidade, mas Victor Lustin finalmente, como todo homem em certa idade, resolveu tomar responsabilidade.
Me casar. Já imaginou? Mulher, filhos, empregada linda, secretária adúltera, amante para os momentos de folga...
E foi estas semanas, quando decidi largar este mundo em que vivo, que me surge uma oportunidade:
- Victor?
- O próprio.
- Eu sou dono de uma agência de modelos, e fiquei sabendo que você leva jeito pra coisa...
- Levo jeito pra muitas coisas, mas o que manda?
- Um trabalho pra você, topa?
Garoto-propaganda de uma marca de roupas, festa de lançamento em uma mansão. Nada mal para o começo de uma promissora carreira.
- Um swing?
- É. Fiquei sabendo de seu passado, e achei que assim sua fama se espalharia mais rápido.
- Não, não rola.
- O quê? Contrato fechado.
- Rolar, rola. Sempre. Mas acontece que eu estava tentando largar desta vida... Ok, uma despedida...
Festa a fantasia, perfeito. Fui fantasiado de padre jesuíta, criatividade é uma coisa que aquela professora da sainha curta do jardim de infância sempre disse que eu tinha.
Chegando na frente da mansão, um grupo estava reunido na frente. Todos fantasiados de padres, com tochas na mão. "Como assim? Achei que minha fantasia fosse única!". Não, não eram padres jesuítas. Desconfiei que fosse a inquisição que voltara com tudo na moda primavera/verão do ano. Também não era a inquisição.
- Irmãos e irmãs, estamos hoje aqui reunidos para acabar com este antro da perdição!
(gritos, aplausos, e disputa da platéia para ver quem levantava a tocha mais alto)
- E é por isso, que vamo queimar este antro com o fogo sagrado de Nossa Senhora do... Victor?
Era eu. Eu, em minha versão morena e revoltada. Seria um espelho? Um sonho, claro, eu jamais abandonaria esta profissão. Sonho não, pesadelo. Se Cherry me visse em cima do palco, certamente diria que aquela cruz de madeira não combinava com meu tom de pele. Não, não era uma miragem. Era real. Eu estava vivendo aquele momento. Não era eu. Era Ricardo Lustin.
- Victor? Você veio se juntar a nós, meu irmão?
- ...
- Eu sabia meu irmão. Você abandonaria o lado negro da vida e se junt...
- Não... Eu vim pra festa!
